Falem o quanto quiser que o Dunga é isso ou aquilo, xinguem a vontade, mas eu gosto dele. Ninguém tem culpa se ele convocou jogadores ótimos como Kaká, Luís Fabiano e Felipe Mello e eles não fizeram sua parte. Júlio César, Lúcio e Robinho não podem jogar por todos os onze. Tenho dito. É uma pena, já que gosto de futebol justamente por ser a única coisa que o brasileiro faz decentemente, sem corrupção, sem mentiras, e ainda sim consegue dar um espetáculo, pelo menos na maioria das vezes. Mas seguiremos a vida com o volume final de minha coletânea de Estudos Literários. Torço por uma final Alemanha X Holanda, com um campeão Europeu e sem Maradona pelado. Beijão.
O Victor tem razão, me rendi aos estereótipos no pequeno texto a cima, mas fui muito infeliz em minha colocação. O que eu quis dizer, é que o futebol é uma das coisas das quais somos muito bons sem nenhuma "carta na manga", nenhuma mentira por trás dos panos, mas não a única. De maneira nenhuma quis rebaixar nosso país, que é tão bom ._. Sorry, guys.
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Nicolau Maquiavel e “O Príncipe”
Maquiavel pertencia a uma família muito boa, mas não poderosa. Assim, participa do Estado, mas em uma posição subalterna. Ele não aprende grego pois não era da elite, mas domina muito bem o latim, se dedicando ao estudo da antiguidade latina. Se envolve na reconstrução do Estado de Florença, participando de negociações, ganhando reconhecimento como administrador respeitado. É indicado como uma espécie de embaixador de Florença, junto com César Bórgia, com quem fica junto por meses acompanhando seu trabalho. Tudo que Cesar faz, Maquiavel vê. Acaba adquirindo uma enorme admiração por César. Começa a se perguntar se não seria melhor que César tomasse mesmo Florença. Se isso acontecesse, a Itália seria unificada.
Mas a unificação não acontece, pois o Clero e as elites romanas estão muito assustados com a família Bórgia. César e seu pai são envenenados. Seu pai morre na hora, mas ele não. Entra em declínio e só depois vem a falecer. Com isso, Julio II é eleito Papa. Ele era um general e acabou governando durante dez anos. Morrem em 1512 e finalmente o filho de Lorenzo se torna Papa, chamando Leão X. Esse Papa poderoso e rico, faz com que a família Médici tome o trono mais poderoso da Europa. Ele acaba invadindo Florença e os Médici voltam a governá-la com força total, com seu sobrinho Lorenzo II no poder.
Com isso, Maquiavel acaba perdendo seu emprego. Sendo assim, ele decide escrever um livro que supostamente seria dedicado a Lorenzo II, chamado “O Príncipe”, onde coloca toda sua experiência política. Ele é o único autor do Renascimento que tem sua obra toda traduzida para o português. Quando o Papa Leão X morre, é eleito um Papa holandês chamado Adriano IV, que permanece no poder por apenas quatro meses. Além de “O Príncipe”, Maquiavel também escreve os livros “A História de Florença” e “ Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio”
Mas o que diz em “O Príncipe”? Esse livro dá conselhos, analisa a política e aconselha o príncipe, que é qualquer pessoa ou instituição qu está no poder, a como permanecer nele. É um livro que deve ser lido como um livro de filosofia política, onde funda a ciência política moderna. Até Maquiavel, a política era uma especulação filosófica ligada à moral e à religião. A política moderna era realizar na Terra uma espécie de cópia da religião, com uma rei (Deus), um príncipe (Jesus) e os seus seguidores (os discípulos). Assim, a política era um campo de pensamento que estava subordinada a religião, era um modo de realizar os modos de pensamento.
Maquiavel vai emancipar a política da moral e da religião. Ele tem uma longa experiência acumulada da política como ela efetivamente é. A ciência política de Maquiavel é empírica, ou seja, é baseada no acumulo de experiências. Assim, ele tem uma visão baseada na experiência e não na idealização. E a experiência jamais engana.
Maquiavel e Leonardo da Vinci eram amigos. Segundo este, o erro vem da especulação. A revolução científica, que vem em sua grande parte de Leonardo, diz que não há mistérios. As descobertas vêm do processo de observar os momentos. O que Maquiavel fez foi adotar o procedimento leonardistico para a política, fazendo uma racionalização da mesma, expulsando totalmente a moral e a religião. “O comportamento humano é racionalizado e previsível”. Maquiavel diz, então, que Florença não é Atenas de modo algum. O fato dele não se ligar na cultura grega e sim na latina faz ele não ser um neoplatonico. O Estado para ele é o “raio X”, a “polaróide” das relações de poder na sociedade. O Estado é a cada momento algo diferente, em equilíbrio instável e em eterna mutação das relações da sociedade.
Maquiavel é completamente sem ilusões. Ficou a vida acompanhando as coisas como elas realmente são e seu pensamento depende de dois fatores:
1) Teoria Filosófica da História: quer dizer que ele entende os acontecimentos históricos não como a visão cristã (que diz que a historia caminha para um fim inexorável, fatalmente levará ao fim dos tempos). Para ele o fenômeno histórico é constituído por ciclos, que se renovam. Ou seja, passado um certo tempo, as sociedades voltam a momentos muito parecidos. Portanto, os fatos históricos se repetem. Para conhecer o presente é necessário conhecer o passado.
2) Explicação da psicologia humana: Para Maquiavel os homens não são naturalmente bons ou ruins. O que as torna boas ou ruins são as circunstancias em que elas vivem. Em um Estado eficiente ao cumprir as leis, haverá mais pessoas boas. Estudando os antigos e conhecendo os poderosos, ele conclui que todos os homens são egoístas e ambiciosos, espontaneamente. As características humanas desejos e paixões são as mesmas em todos os lugares e épocas.
Maquiavel deixa claro que o modelo de “O Príncipe” foi César Bórgia. E o reconhecimento da História e da Filosofia seriam essenciais para os políticos. Determinadas as causas de como subiram e caíram os antigos Estados, posso operar no presente como construir um Estado Atual e como regê-lo. O comportamento humano não varia. Maquiavel lida com dois elementos importantes. A idéia de fortuna, a primeira metade da vida (quando nós nascemos temos a fortuna a nosso favor ou contra nós). Exemplo: uma criança que nasce em uma família pobre e desprivilegiada tem uma má fortuna. E também há a noção de virtù, que seria a segunda metade da vida (característica viril). Alguém com má fortuna não necessariamente têm um mal virtù. Exemplo atual: o presidente Lula nasceu com má fortuna, pois era pobre e não conseguiu boas oportunidades de estudo, mas seu virtù foi muito bom, pois conseguiu se tornar uma pessoa muito bem sucedida na vida.