Amanhã tem o último. Beijão.
Lorenzo Médici
Florença, como já disse, era uma federação de famílias burguesas. A família Médici, porém, era quem na verdade governava Florença. Por causa de seu talento, dinheiro. Michelangelo, por exemplo, tratava Lorenzo Médici como um pai. E foi ele quem investiu a viagem de Cristovam Colombo, além de ser pai de dois Papas. Mas era muito humilde, apesar de tudo, dizendo que é preciso ser muito sofisticado para ser simples. Florença, portanto, tinha a família Médici com o poder de fato da cidade, mas não poder de cargo.
O que acontece é que existe um outra família importante, a familia Pazzi. Essa família tinha uma inimizade muito grande com os Médici. Ela, junto com o Papa e o Bispo resolvem dar um golpe para tirar os Médici do poder. Em 1478, combina-se o assassinato de Lorenzo. Em uma missa dominical, os Pazzi combinam que, no momento em que o bispo dissesse “ita missa est” eles assassinariam Lorenzo com uma espada. Porem, Giovanni, um amigo de Lorenzo, percebe e se atira na frente dele, sendo morto em seu lugar. Começa uma briga.
Lorenzo sobrevive e os Pazzi, pensando que Lorenzo estava morto, invadem o palácio e mandam prender todo mundo. Assim, Lorenzo assassina cruelmente todos da família Pazzi e seus aliados, jogando-os do palácio da Senhora. Como resultado desta chamada “Conjura dos Pazzi”, Lorenzo passa a ter um papel efetivo no governo da cidade e essa família desaparece de Florença, deixando para trás somente mulheres e crianças, e sendo sinônimos de “gente sem juízo”.
Em 1492, Lorenzo morre subitamente com 43 anos de idade. Neste mesmo ano aconteceram a unificação da Espanha e a descoberta das Américas. Ocorre também a eleição de um Papa espanhol, Alexandre VI Bórgia. No lugar de Lorenzo, ficou seu filho Piero. Lorenzo cuidou muito bem de encaminhar seus filhos antes de morrer, casando suas filhas com rapazes de famílias ricas e poderosas e comprando para seus dois outros filhos cargos cardialisticos. Assim, Lorenzo depois de sua morte vira pai de dois Papas, como já disse. Mas, quando ele morre, os dois ainda eram muito jovens.
Alexandre VI e Savonarola
O Papa Alexandre VI Bórgia era extremamente corrupto, sendo casado e tendo cinco filhos. Vale lembrar que a Igreja Católica só passa a ser “comportada” do jeito que é hoje há cerca de 140 anos, sendo que antes disso, padres casavam e a instituição era totalmente corrupta. Este Papa também dava várias “festinhas” em seu palácio e cometia relações de incesto com sua filha, que por sua vez, cometia relações de incesto com seu irmão.
De modo geral, o Papa era italiano. Mas os Bórgias já estavam morando há muito tempo em Roma, de modo que seus filhos já podiam ser considerados italianos, apesar de falarem espanhol. Alexandre VI tinha um plano: conquistar um principado dentro da Itália. Para fazer isso, ele teria que constituir um novo Estado dentro dela. Assim, quando ele se torna Papa, coloca seu filho, César Borgia, para conquistar uma pequena cidade-estado no norte do país (que ainda não era país), a pequena Forli. Conquistando esse território, começa a conquistar também Pianza, e outras cidades. Assim, ele começa a consolidar um novo Estado dentra da Itália.
O Papa também casava e descasava sua filha Lucrécia com herdeiros de várias famílias poderosas, formando e desmanchando alianças com essas famílias conforme lhe era conveniente. Também nomeava seu filho César cardeal, ameaçando a tradição do Alto Clero por fazer um filho de Papa cardeal.
Com a morte de Lorenzo, seu filho Piero vai exercendo como podia a influencia de seu pai. Começa a aparecer em Florença um padre chamado Savonarola. Ele era um monge do quartieiri dos Médici e inicia uma política de sermões. A posição que ele adotava era uma espécie de ultima voz medieval condenando o estilo de vida Renascentista. As modas libertinas que existiam na época eram de acordo com a visão burguesa predominante. Muita gente em Florença começa a ter uma certa idolatria por este padre e ele também começa a falar mal do Papa.
Em 1492, o Papa Alexandre VI reconhece que o novo mundo era totalmente de Portugal e Espanha, dividindo-o entre os dois com o Tratado de Tordesilhas. A França acaba ficando sem nada e, não muito feliz, forma um exercito muito poderoso que, com Carlos VIII, decide invadir o reino de Nápoles. Para isso, teriam que passar por Milão, com quem fazem um acordo e passam por lá pacificamente. Depois teriam que passar por varias outras cidades, inclusive Florença.
Como já dissemos anteriormente, Florença não poderia ter exercito. Savonarola se encontra com Carlos VIII, sugerindo que ele invada mesmo Florença para que ele, assim, conseguisse o poder. Quando o exercito Frances vem chegando, a cidade se junta com Piero de Médici e decidem se juntar para lutar, tentando preservar a cidade. Piero, então, pega um monte de riquezas de Florença, coloca-as em uma carroça e se encontra com Carlos VIII. Finge-se amigo e o convida para conhecer a cidade. Assim, o exército francês entra na cidade sem dar um tiro e sendo recebidos muito bem pelas famílias. A cidade acaba sendo discretamente saqueada.
Carlos VIII vai embora e os florentinos procuram o culpado pelo saque, quem achavam que era Piero. Assim, eles acabam se vingando saqueando todo o palácio dos Médici e expulsando toda a família de Florença. Eles saem, mas a família não acaba. Savonarola toma o poder, proibindo todas as vaidades, como jóias e artes (pinturas, esculturas, etc). Vários quadros e obras riquíssimas da Renascença foram queimados em fogueiras. Florença, que antes era uma das cidades mais avançadas, agora é uma das mais pobres.
Ainda não há governo. Há espécies de “secretários” da cidade que sempre pedem permissão a Savonarola para fazerem grandes alterações na cidade e que geralmente eram ou não concedidas por um monge leso (com deficiência mental) que sempre andava com Savonarola e a quem ele concedia essas decisões. Savonarola começa a denunciar as altas libertinagens cometidas pela Igreja Católica em seus sermões. Acabam denunciando-o para o Papa, que decide tomar Florença.
O Papa manda um de seus mensageiros a Florença com um requisito para que Savonarola se torne cardeal, tendo que se mudar para Roma e se mantendo longe de Florença. Savonarola recusa e o Papa acaba excomungando toda a cidade, o que era uma grande desgraça na época. Isso faz com que as atividades comerciais junto com o respeito pelo padre caiam gradativamente. Nesse momento a Igreja manda uma pequena tropa para prender Savonarola. Preso, ele é torturado para que confessasse ser mandado ao mundo pelo diabo e depois é condenado à morte, sendo enforcado e, depois de morto, queimado. Tudo isso acontece em maio de 1498.
Florença está detonada e é obrigada a se recompor. É eleito um homem no governo da cidade chamado Soderini, quem era muito honesto. Tenta montar uma equipe para reerguer a cidade e defende-la do Papa. Monta uma equipe jovem, liderada por um rapaz chamado Nicolau Maquiavel.