15 de jul. de 2010

Data pra terminar

(Aqui nao tem acento, sorry)

O que voce faria se estivesse namorando com data pra terminar? Um namoro estilo Ted & Victoria (How I Met Your Mother), Ross & Emily (Friends)? Acho que por meu namoro ter data pra terminar eu estou com mil vezes mais vontades de ve-lo, querendo passar cada minuto com ele, e, meu, isso eh tao intenso, eu nunca senti nada assim antes. Quando em Friends, Ross pede Emily em casamento quando ela esta voltando pra Inglaterra, eu achei aquilo muito ridiculo. But what if? Acho que eh o meu primeiro relacionamento realmente maduro, onde ambos somos maior de idade, ele dirige and everything. Eh muito engracado, legal, intenso, preocupante, tudo ao mesmo tempo.
Eu e JB (nao eh Jacob Black, Nikolas) teremos que terminar nosso namoro no dia 24 de Julho. EH tao triste. Me desejem sorte voltando para o triste mundo real, pessoal.

Amo voces!
Beijos

4 de jul. de 2010

De malas prontas

Me despeço de você blog, até agosto. Hoje vou para os Estados Unidos e só volto dia 25 :) Me desejem sorte e boas férias para todos que permanecem :D

Beijos

2 de jul. de 2010

Estudos Literários Vol. V: Nicolau Maquiavel & a obra "O Príncipe"

Falem o quanto quiser que o Dunga é isso ou aquilo, xinguem a vontade, mas eu gosto dele. Ninguém tem culpa se ele convocou jogadores ótimos como Kaká, Luís Fabiano e Felipe Mello e eles não fizeram sua parte. Júlio César, Lúcio e Robinho não podem jogar por todos os onze. Tenho dito. É uma pena, já que gosto de futebol justamente por ser a única coisa que o brasileiro faz decentemente, sem corrupção, sem mentiras, e ainda sim consegue dar um espetáculo, pelo menos na maioria das vezes. Mas seguiremos a vida com o volume final de minha coletânea de Estudos Literários. Torço por uma final Alemanha X Holanda, com um campeão Europeu e sem Maradona pelado. Beijão.

[UPDATE]
O Victor tem razão, me rendi aos estereótipos no pequeno texto a cima, mas fui muito infeliz em minha colocação. O que eu quis dizer, é que o futebol é uma das coisas das quais somos muito bons sem nenhuma "carta na manga", nenhuma mentira por trás dos panos, mas não a única. De maneira nenhuma quis rebaixar nosso país, que é tão bom ._. Sorry, guys.
[/UPDATE]

Nicolau Maquiavel e “O Príncipe”

Maquiavel pertencia a uma família muito boa, mas não poderosa. Assim, participa do Estado, mas em uma posição subalterna. Ele não aprende grego pois não era da elite, mas domina muito bem o latim, se dedicando ao estudo da antiguidade latina. Se envolve na reconstrução do Estado de Florença, participando de negociações, ganhando reconhecimento como administrador respeitado. É indicado como uma espécie de embaixador de Florença, junto com César Bórgia, com quem fica junto por meses acompanhando seu trabalho. Tudo que Cesar faz, Maquiavel vê. Acaba adquirindo uma enorme admiração por César. Começa a se perguntar se não seria melhor que César tomasse mesmo Florença. Se isso acontecesse, a Itália seria unificada.
Mas a unificação não acontece, pois o Clero e as elites romanas estão muito assustados com a família Bórgia. César e seu pai são envenenados. Seu pai morre na hora, mas ele não. Entra em declínio e só depois vem a falecer. Com isso, Julio II é eleito Papa. Ele era um general e acabou governando durante dez anos. Morrem em 1512 e finalmente o filho de Lorenzo se torna Papa, chamando Leão X. Esse Papa poderoso e rico, faz com que a família Médici tome o trono mais poderoso da Europa. Ele acaba invadindo Florença e os Médici voltam a governá-la com força total, com seu sobrinho Lorenzo II no poder.
Com isso, Maquiavel acaba perdendo seu emprego. Sendo assim, ele decide escrever um livro que supostamente seria dedicado a Lorenzo II, chamado “O Príncipe”, onde coloca toda sua experiência política. Ele é o único autor do Renascimento que tem sua obra toda traduzida para o português. Quando o Papa Leão X morre, é eleito um Papa holandês chamado Adriano IV, que permanece no poder por apenas quatro meses. Além de “O Príncipe”, Maquiavel também escreve os livros “A História de Florença” e “ Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio”
Mas o que diz em “O Príncipe”? Esse livro dá conselhos, analisa a política e aconselha o príncipe, que é qualquer pessoa ou instituição qu está no poder, a como permanecer nele. É um livro que deve ser lido como um livro de filosofia política, onde funda a ciência política moderna. Até Maquiavel, a política era uma especulação filosófica ligada à moral e à religião. A política moderna era realizar na Terra uma espécie de cópia da religião, com uma rei (Deus), um príncipe (Jesus) e os seus seguidores (os discípulos). Assim, a política era um campo de pensamento que estava subordinada a religião, era um modo de realizar os modos de pensamento.
Maquiavel vai emancipar a política da moral e da religião. Ele tem uma longa experiência acumulada da política como ela efetivamente é. A ciência política de Maquiavel é empírica, ou seja, é baseada no acumulo de experiências. Assim, ele tem uma visão baseada na experiência e não na idealização. E a experiência jamais engana.
Maquiavel e Leonardo da Vinci eram amigos. Segundo este, o erro vem da especulação. A revolução científica, que vem em sua grande parte de Leonardo, diz que não há mistérios. As descobertas vêm do processo de observar os momentos. O que Maquiavel fez foi adotar o procedimento leonardistico para a política, fazendo uma racionalização da mesma, expulsando totalmente a moral e a religião. “O comportamento humano é racionalizado e previsível”. Maquiavel diz, então, que Florença não é Atenas de modo algum. O fato dele não se ligar na cultura grega e sim na latina faz ele não ser um neoplatonico. O Estado para ele é o “raio X”, a “polaróide” das relações de poder na sociedade. O Estado é a cada momento algo diferente, em equilíbrio instável e em eterna mutação das relações da sociedade.
Maquiavel é completamente sem ilusões. Ficou a vida acompanhando as coisas como elas realmente são e seu pensamento depende de dois fatores:
1) Teoria Filosófica da História: quer dizer que ele entende os acontecimentos históricos não como a visão cristã (que diz que a historia caminha para um fim inexorável, fatalmente levará ao fim dos tempos). Para ele o fenômeno histórico é constituído por ciclos, que se renovam. Ou seja, passado um certo tempo, as sociedades voltam a momentos muito parecidos. Portanto, os fatos históricos se repetem. Para conhecer o presente é necessário conhecer o passado.
2) Explicação da psicologia humana: Para Maquiavel os homens não são naturalmente bons ou ruins. O que as torna boas ou ruins são as circunstancias em que elas vivem. Em um Estado eficiente ao cumprir as leis, haverá mais pessoas boas. Estudando os antigos e conhecendo os poderosos, ele conclui que todos os homens são egoístas e ambiciosos, espontaneamente. As características humanas desejos e paixões são as mesmas em todos os lugares e épocas.
Maquiavel deixa claro que o modelo de “O Príncipe” foi César Bórgia. E o reconhecimento da História e da Filosofia seriam essenciais para os políticos. Determinadas as causas de como subiram e caíram os antigos Estados, posso operar no presente como construir um Estado Atual e como regê-lo. O comportamento humano não varia. Maquiavel lida com dois elementos importantes. A idéia de fortuna, a primeira metade da vida (quando nós nascemos temos a fortuna a nosso favor ou contra nós). Exemplo: uma criança que nasce em uma família pobre e desprivilegiada tem uma má fortuna. E também há a noção de virtù, que seria a segunda metade da vida (característica viril). Alguém com má fortuna não necessariamente têm um mal virtù. Exemplo atual: o presidente Lula nasceu com má fortuna, pois era pobre e não conseguiu boas oportunidades de estudo, mas seu virtù foi muito bom, pois conseguiu se tornar uma pessoa muito bem sucedida na vida.

1 de jul. de 2010

Estudos Literários Vol. IV: Lorenzo de Médici, Alexandre VI & Savonarola

Amanhã tem o último. Beijão.

Lorenzo Médici

Florença, como já disse, era uma federação de famílias burguesas. A família Médici, porém, era quem na verdade governava Florença. Por causa de seu talento, dinheiro. Michelangelo, por exemplo, tratava Lorenzo Médici como um pai. E foi ele quem investiu a viagem de Cristovam Colombo, além de ser pai de dois Papas. Mas era muito humilde, apesar de tudo, dizendo que é preciso ser muito sofisticado para ser simples. Florença, portanto, tinha a família Médici com o poder de fato da cidade, mas não poder de cargo.
O que acontece é que existe um outra família importante, a familia Pazzi. Essa família tinha uma inimizade muito grande com os Médici. Ela, junto com o Papa e o Bispo resolvem dar um golpe para tirar os Médici do poder. Em 1478, combina-se o assassinato de Lorenzo. Em uma missa dominical, os Pazzi combinam que, no momento em que o bispo dissesse “ita missa est” eles assassinariam Lorenzo com uma espada. Porem, Giovanni, um amigo de Lorenzo, percebe e se atira na frente dele, sendo morto em seu lugar. Começa uma briga.
Lorenzo sobrevive e os Pazzi, pensando que Lorenzo estava morto, invadem o palácio e mandam prender todo mundo. Assim, Lorenzo assassina cruelmente todos da família Pazzi e seus aliados, jogando-os do palácio da Senhora. Como resultado desta chamada “Conjura dos Pazzi”, Lorenzo passa a ter um papel efetivo no governo da cidade e essa família desaparece de Florença, deixando para trás somente mulheres e crianças, e sendo sinônimos de “gente sem juízo”.
Em 1492, Lorenzo morre subitamente com 43 anos de idade. Neste mesmo ano aconteceram a unificação da Espanha e a descoberta das Américas. Ocorre também a eleição de um Papa espanhol, Alexandre VI Bórgia. No lugar de Lorenzo, ficou seu filho Piero. Lorenzo cuidou muito bem de encaminhar seus filhos antes de morrer, casando suas filhas com rapazes de famílias ricas e poderosas e comprando para seus dois outros filhos cargos cardialisticos. Assim, Lorenzo depois de sua morte vira pai de dois Papas, como já disse. Mas, quando ele morre, os dois ainda eram muito jovens.

Alexandre VI e Savonarola

O Papa Alexandre VI Bórgia era extremamente corrupto, sendo casado e tendo cinco filhos. Vale lembrar que a Igreja Católica só passa a ser “comportada” do jeito que é hoje há cerca de 140 anos, sendo que antes disso, padres casavam e a instituição era totalmente corrupta. Este Papa também dava várias “festinhas” em seu palácio e cometia relações de incesto com sua filha, que por sua vez, cometia relações de incesto com seu irmão.
De modo geral, o Papa era italiano. Mas os Bórgias já estavam morando há muito tempo em Roma, de modo que seus filhos já podiam ser considerados italianos, apesar de falarem espanhol. Alexandre VI tinha um plano: conquistar um principado dentro da Itália. Para fazer isso, ele teria que constituir um novo Estado dentro dela. Assim, quando ele se torna Papa, coloca seu filho, César Borgia, para conquistar uma pequena cidade-estado no norte do país (que ainda não era país), a pequena Forli. Conquistando esse território, começa a conquistar também Pianza, e outras cidades. Assim, ele começa a consolidar um novo Estado dentra da Itália.
O Papa também casava e descasava sua filha Lucrécia com herdeiros de várias famílias poderosas, formando e desmanchando alianças com essas famílias conforme lhe era conveniente. Também nomeava seu filho César cardeal, ameaçando a tradição do Alto Clero por fazer um filho de Papa cardeal.
Com a morte de Lorenzo, seu filho Piero vai exercendo como podia a influencia de seu pai. Começa a aparecer em Florença um padre chamado Savonarola. Ele era um monge do quartieiri dos Médici e inicia uma política de sermões. A posição que ele adotava era uma espécie de ultima voz medieval condenando o estilo de vida Renascentista. As modas libertinas que existiam na época eram de acordo com a visão burguesa predominante. Muita gente em Florença começa a ter uma certa idolatria por este padre e ele também começa a falar mal do Papa.
Em 1492, o Papa Alexandre VI reconhece que o novo mundo era totalmente de Portugal e Espanha, dividindo-o entre os dois com o Tratado de Tordesilhas. A França acaba ficando sem nada e, não muito feliz, forma um exercito muito poderoso que, com Carlos VIII, decide invadir o reino de Nápoles. Para isso, teriam que passar por Milão, com quem fazem um acordo e passam por lá pacificamente. Depois teriam que passar por varias outras cidades, inclusive Florença.
Como já dissemos anteriormente, Florença não poderia ter exercito. Savonarola se encontra com Carlos VIII, sugerindo que ele invada mesmo Florença para que ele, assim, conseguisse o poder. Quando o exercito Frances vem chegando, a cidade se junta com Piero de Médici e decidem se juntar para lutar, tentando preservar a cidade. Piero, então, pega um monte de riquezas de Florença, coloca-as em uma carroça e se encontra com Carlos VIII. Finge-se amigo e o convida para conhecer a cidade. Assim, o exército francês entra na cidade sem dar um tiro e sendo recebidos muito bem pelas famílias. A cidade acaba sendo discretamente saqueada.
Carlos VIII vai embora e os florentinos procuram o culpado pelo saque, quem achavam que era Piero. Assim, eles acabam se vingando saqueando todo o palácio dos Médici e expulsando toda a família de Florença. Eles saem, mas a família não acaba. Savonarola toma o poder, proibindo todas as vaidades, como jóias e artes (pinturas, esculturas, etc). Vários quadros e obras riquíssimas da Renascença foram queimados em fogueiras. Florença, que antes era uma das cidades mais avançadas, agora é uma das mais pobres.
Ainda não há governo. Há espécies de “secretários” da cidade que sempre pedem permissão a Savonarola para fazerem grandes alterações na cidade e que geralmente eram ou não concedidas por um monge leso (com deficiência mental) que sempre andava com Savonarola e a quem ele concedia essas decisões. Savonarola começa a denunciar as altas libertinagens cometidas pela Igreja Católica em seus sermões. Acabam denunciando-o para o Papa, que decide tomar Florença.
O Papa manda um de seus mensageiros a Florença com um requisito para que Savonarola se torne cardeal, tendo que se mudar para Roma e se mantendo longe de Florença. Savonarola recusa e o Papa acaba excomungando toda a cidade, o que era uma grande desgraça na época. Isso faz com que as atividades comerciais junto com o respeito pelo padre caiam gradativamente. Nesse momento a Igreja manda uma pequena tropa para prender Savonarola. Preso, ele é torturado para que confessasse ser mandado ao mundo pelo diabo e depois é condenado à morte, sendo enforcado e, depois de morto, queimado. Tudo isso acontece em maio de 1498.
Florença está detonada e é obrigada a se recompor. É eleito um homem no governo da cidade chamado Soderini, quem era muito honesto. Tenta montar uma equipe para reerguer a cidade e defende-la do Papa. Monta uma equipe jovem, liderada por um rapaz chamado Nicolau Maquiavel.

Estudos Literários Vol. III: Pico Della Mirandola, Cabala & A Origem da História

Aí, Victor, mais divertimento pra você! Sempre penso em ti quando tô tendo aula dessa matéria (a qual a última foi ontem) e sei que você gostaria muito dela. Hoje tenho prova e aí tudo acaba, mas continuarei postando Estudos Literários até amanhã. Beijos.

Pico Della Mirandola


Pico Della Mirandola foi humanista e tinha apenas 17 anos quando vendeu seu direito de herança do trono de Mirandola para seu irmão e saiu de lá. Vira discípulo de Poliziano, um grande humanista. Ele nasceu no ano de 1463, e com 18 anos já era conhecido na Itália como uma das maiores mentes humanistas. Também tinha grande memória para livros, sendo considerado uma biblioteca ambulante. Pico comprava muitos livros, inclusive bibliotecas já prontas, o que o fez comprar também bibliotecas que ensinavam sobre Alquimia, Cabala. Também penetra na cultura clássica e fechada, a qual acaba influenciando muito seu pensamento. Junta Cabala com filosofia grega.
A Cabala foi inventada na filosofia árabe-espanhola. A Andaluzia vivia uma espécie de Renascimento, onde todos (inclusive judeus e cristãos) podiam freqüentar as universidades árabes, onde preservavam tudo o que os gregos haviam “jogado fora”. Foi na Andaluzia que filósofos judeus (Abraham Abuláfia) organizavam um tipo de saber, que supostamente havia vindo dos antigos, mas que acabava de nascer. O que a Cabala diz? O livro gênesis conta que Deus criou um mundo ordenado. “E Deus disse: ‘Haja luz!’, e Deus disse...” Observando esse detalhe, os cabalistas vêem que a criação não passa de palavras, sendo ela apenas falar o nome das coisas. Dizer equivale a criar.
Se Deus criou o mundo falando, que língua Ele falava? A resposta encontrada foi hebraico. A Cabala faz a conversão das letras do alfabeto hebraico em números. Um número cabalístico é a conversão de um nome. 1 seria o número auto-suficiente e fundador, 3 o número generoso, etc. O principio da Cabala é que o mundo é unificado, todas as coisas que existem nasceram pelo principio de que Deus disse. Assim, todo o universo seria regido pelo mesmo principio unitário. O universo é coeso, coerente, harmônico. Não existem princípios antagônicos, todas as coisas estão interconectadas e o mundo é legível.
Pico diz que quando Deus criou o universo ele criou as coisas inanimadas, depois os animais e os anjos. Os anjos são criaturas que convivem com Deus, de mais pura alma. Deus então se sente solitário, já que as bestas, os animais, não tem consciência de nada, e vê que está faltando algo no universo. E cria o homem, que é diferente de tudo que já havia criado. Mas Deus deixa a criatura homem incompleta, pois se a completasse, os homens seriam iguais aos anjos. Sendo incompleto, o homem ganha de Deus a capacidade de continuar a criação d’Ele e de continuar a criação de si mesmo. Ele também dá ao homem a capacidade do livre arbítrio, podendo se tornar uma pessoa muito ruim ou muito boa. O homem também pode se degenerar ou regenerar. O homem pode até se tornar parte do sagrado, com vemos os santos e até mesmo Virgem Maria, uma humana que se tornou mãe de um deus.
Neste momento, o mais alto dos anjos, Lúcifer, reclama com Deus, pois não gosta do fato de que os homens são superiores aos anjos. Nessa briga, Lúcifer cria o inferno, por inveja dos homens, e inveja é o sentimento de querer que certa pessoa não tenha aquilo que ela tem. Sendo assim, o homem é a suprema criatura de Deus, estando a cima dos anjos. Pico Della Mirandola, em seu livro, faz uma espécie de teoria de porque o homem é o centro do universo. O homem é o que dá significado a criação. Ele é a criatura suprema. Édipo, de “Édipo Rei”, vira uma espécie de paradigma para o homem piqueano. O homem é uma criatura condenada a liberdade. Nós não somos obrigados a nada, a não ser a escolher. Mas o que te impede de dizer o que você pensa? O mundo, a inconsciência.
Pico contestava o porquê de tantas religiões se existia um só Deus. Chega à conclusão de que isso se dá pelo fato da má compreensão das pessoas em relação a Deus. Ele se dispõe, então, a fazer um encontro em Roma de todos os representantes de todas as religiões. Desse encontro sairia uma só religião universal, antenada nessa idéia de uma única inteligência que criou o mundo. O resultado disso foi que o Papa mandou matá-lo, e Pico acaba fugindo e voltando para Florença, onde é protegido por Lorenzo Médici.

História

O ambiente florentino produziu muita arte, ciência, tudo isso nessa cidade-estado. Será então que a raça humana não se desenvolveu mais nas cidades-estados do que nas nações? O mundo é para o homem e esta capacidade está disponível para o homem ler o livro do mundo. O mundo está aberto. Esse humanismo do século XV nasce portanto de que Florença seria Atenas revivida. Mas a medida que o avanço cultural ocorria, eles descobriram que a cultura grega não era de comerciantes.
O processo do Humanismo florentino tem dois momentos: 1) descobrir uma semelhança com Atenas; 2) Somos diferentes de Atenas. Sendo assim, descobriram a similitude e logo depois descobrem a diferença, tudo isso com o aprofundamento dos estudos. Isso descobre a História. Mas o que é História? A História é, a partir do domínio dos fatos, encontrar um sentido mais profundo para os episódios da vida da humanidade. Ou seja, aprofundar os fatos.
Em Florença, o humanista do primeiro momento que diz que Florença é Atenas ressuscitada está vivendo uma mentira. Porem, eles precisam de um dote, e esse dote é a Grécia. As duas são cidades-estados, seus cidadãos são dedicados a polis, que são similitudes. O aprofundamento dos estudos começa a encontrar diferenças. Isso leva a descoberta de que nunca um evento histórico pode se repetir.
A História é a ciência do particular e não do universal. Conforme a época muda, o homem vive e pensa diferente. As relações humanas são, assim, históricas. O que os florentinos descobriram é que Florença não é Atenas, é apenas Florença. Há também a descoberta de que o homem é o dono, o autor de si mesmo. Podemos construir a vida coletiva? O homem sozinho inventou a sociedade. Mas o homem poderá modelar a sua sociedade? Essa pergunta funda a política moderna. As principais cidades-estados da Itália eram Veneza, Milão, Genova, Pizza, Florença, Roma, Napoli, Ferrara, Mantova... cada uma constituía um estado independente.